Mais que sobreviver: precisamos falar de reabilitação pós-AVC

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Resumo da notícia:
• Há um aumento em casos de AVC entre jovens, com destaque recente para o youtuber Pirulla, algo que já representa 1,8 milhão de casos anuais no mundo;
• A reabilitação pós-AVC é fundamental e varia conforme o tipo e sequelas associadas;
• O processo de recuperação envolve diferentes terapias e deve começar o quanto antes, sendo essencial para devolver autonomia e qualidade de vida aos pacientes;
• Apesar do potencial de recuperação, especialmente entre jovens, muitos brasileiros ainda enfrentam dificuldades de acesso a um tratamento especializado.

por Dra. Alice Rosa Ramos, superintendente de Práticas Assistenciais da AACD

O AVC (Acidente Vascular Cerebral) entre jovens ganhou destaque público, recentemente, com o caso do youtuber Pirulla, de 43 anos, que felizmente está estabilizado e em recuperação. Na comunidade médica, há tempos o AVC deixou de ser uma condição associada ao envelhecimento. Observa-se essa tendência há décadas, com aumento de acidentes vasculares, conhecidos popularmente como derrame, entre os mais jovens, mas com queda da mortalidade abaixo dos 50 anos. Isso significa que a reabilitação após estes episódios se tornou um tema prioritário para a sociedade.

Só para ilustrar, segundo estudo da The Lancet Neurology, dos 12 milhões de casos de AVC registrados anualmente no mundo, 1,8 milhão ocorrem em pessoas com menos de 50 anos. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que as internações por AVC nesse grupo etário aumentaram 32% entre 2008 e 2024, saltando de 33,3 mil para 44,1 mil casos.

Após o susto inicial, começa uma etapa que é tão vital quanto o atendimento emergencial e que exige estrutura, equipe especializada e continuidade: a reabilitação. Com intensidade variável, entre as sequelas mais comuns do AVC estão a perda de força e movimento dos membros, déficit auditivo, alterações na visão, dificuldades de compreensão e fala, problemas com equilíbrio e respiração, além de mudanças comportamentais.

Reabilitação das sequelas do AVC

A reabilitação após um AVC busca recuperar funções comprometidas de acordo com a área do cérebro afetada. Por isso, o plano terapêutico é personalizado, levando em conta o tipo de AVC — isquêmico (mais comum) ou hemorrágico — e suas consequências, que podem variar de nenhuma sequela até quadros graves.

O AVC demanda cuidados específicos ainda no período de internação, com fisioterapia passiva, prevenção de deformidades e de úlceras por pressão. À medida que o paciente se recupera, a reabilitação evolui de forma progressiva: começa com estímulos posturais e fortalecimento do tronco para que a pessoa consiga se sentar, ficar em pé e, posteriormente, caminhar. Sempre lembrando que os objetivos variam de caso a caso e dependem do prognóstico funcional de cada pessoa.

Na AACD, dentro da linha de cuidado de Lesão Encefálica Adquirida, acompanhamos diariamente os desafios enfrentados por pessoas que sobreviveram a um AVC. Cada caso é único, mas todos têm em comum a necessidade de um plano de reabilitação individualizado, que una acompanhamento médico e terapias (fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, fisioterapia aquática, entre outras). A abordagem deve ser integrada, constante e, de preferência, iniciada de forma mais precoce possível.

Paciente com sequelas de AVC realiza exercício com blocos na área de Terapia Ocupacional da AACD

Oportunidades e desafios na reabilitação pós-AVC

Reabilitar significa mais do que recuperar movimentos. Envolve reintegrar o indivíduo à sua rotina, devolver autonomia, dignidade e bem-estar. Em pacientes jovens, o potencial de recuperação pode ser expressivo, desde que haja acesso adequado à reabilitação. Mas isso ainda é um desafio para grande parte da população brasileira, que esbarra em filas, falta de profissionais ou ausência de centros especializados próximos.

A queda da mortalidade por AVC, por mais positiva que seja, não pode esconder o risco de que milhares de sobreviventes enfrentem anos de sequelas evitáveis por falta de tratamento apropriado. Precisamos, como sociedade, tratar a reabilitação como parte essencial do cuidado em saúde e não como uma etapa opcional ou secundária.

Investir em reabilitação é investir em produtividade, inclusão e qualidade de vida. É ampliar a capacidade das pessoas de retomarem seus papéis familiares, profissionais e sociais. Na AACD, estamos comprometidos com esse propósito.

Repercussão na imprensa

A fim de ampliar o debate sobre o tema, a AACD se conectou à imprensa. Como resultado, este artigo de opinião foi publicado na Gazeta do Povo, jornal do Paraná. Clique aqui para acessar o conteúdo!

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